segunda-feira, 28 de junho de 2010

Futebol: patrimônio cultural do povo brasileiro



O ano da graça de 2010 começou atípico, com o Santos Futebol Clube resgatando o que de melhor o nosso futebol pode produzir, futebol criado por negros, afro-brasileiros, de dribles, fintas, muita habilidade, criatividade, jogadas bonitas do coletivo e muitos gols que mexeu e está encantando os torcedores de todos os times.


Mas a coisa não é tão fácil assim, a mídia esportiva brasileira, têm feito severas críticas a esse estilo de jogo e desanca a falar mal dos jogadores e criticando esse estilo de jogo como pouco competitivo.


No fundo o conservadorismo que assola a classe média brasileira, mostra sua face também no esporte, e isso tem se refletido na crítica esportiva que adora elogiar os sem talentos, os botinudos, mas, que tem a cobertura de empresários, a força física, o jogo faltoso como recurso legitimo para parar o adversário, as goleadas de 1 x 0, em detrimento da arte apresentada por jogadores jovens e negros, que em sua maioria saem das periferias das cidades e ainda guardam um grande talento e criatividade, herdada desse patrimônio confeccionado nos campos de várzea de todo o país, sobretudo na primeira metade do século XX.


Inevitavelmente alguns desses garotos que se destacam ganharão muito dinheiro jogando para as platéias do velho mundo, aonde esse tipo de futebol ainda é apreciado, exatamente pela falta de pé de obra especializada.



Copa do Mundo


Tem se mostrado um futebol decepcionante nessa primeira fase, mesmo assim a imprensa esportiva insiste em eleger verdadeiros monstros que iriam engolir a nossa seleção.


O que tenho visto é um festival de anti-futebol, exceto o que as seleções, brasileira e argentina têm mostrado e a grata surpresa, a Alemanha, jogando um futebol anti-alemão, por isso se destacando entre os melhores. Brasil e Argentina ainda conseguem manter um celeiro de grandes atletas e talentos para produzir o melhor futebol do mundo, a despeito das críticas feitas aos jogadores e a seus técnicos, Dunga e Maradona.


Mas a grande decepção fica a cargo das seleções africanas, que preferiram investir em força física e no estilo europeu de jogar bola. Lamentável – como disse Tostão no seu artigo da Folha; “Um dos motivos dessa transformação foi à importação de dezenas de treinadores europeus. As seleções africanas parecem times europeus da segunda divisão. Os africanos perderam a fantasia e não evoluíram na parte técnica. Não sabem finalizar. No momento do chute, estão sempre com o corpo desequilibrado. Chutam e caem. Parece com alguns jogadores que atuam no Brasil, como Dagoberto. No instante da finalização, os grandes atacantes estão sempre a uma distância correta da bola, com o corpo ereto e com a perna de apoio no chão e ao lado da bola. Chutam, não caem e acertam o gol”.


Pois é, os países africanos apesar de independentes precisam evoluir e muito, desperdiçam riquezas, enormes talentos e criatividade, precisam tirar a colônia e a submissão aos europeus da cabeça e trabalhar intercâmbios com jogadores e técnicos sul-americanos, para desenvolver técnica e deixar a explosão de criatividade africana deslanchar como o artilheiro de Jorge Bem Jor, “UMBABARAÚNA, o ponta de lança africano.


Com toda certeza vão poder desenvolver o melhor do futebol em seus talentos e gerar muito mais riquezas com seus atletas se renunciarem ao estilo do colonizador.


Mas se tratando de mudanças precisamos cobrar também mais compromissos de nossos atletas, dirigentes e técnicos. A experiência de viver na Europa democrática deve ser assimilada, alguns atletas já se posicionam de maneira cidadã, buscando trabalhar com comunidades carentes e criando uma rede de proteção aos jovens, vide os casos de Cafu, Edmilson, Ronaldinho Gaúcho entre outros. Mas é preciso muitos mais, está na hora de se posicionarem politicamente, exercerem a cidadania, o exemplo tão pedido dentro das quatro linhas tem de servir fora delas também quando terminam suas carreiras.

Em um mundo todo conectado é bom lembrar e acompanhar um desses exemplos; o craque da Costa do Marfim, Didier Drogba junto com Kofi Annan, diplomata de Gana e ex-secretário geral da ONU, assinaram um guia alternativo para falar sobre a Copa do Mundo na África do Sul e a importância dela para os povos dos países pobres e emergentes.


Confira:
http://www.didierdrogba.com/en/article.asp?info_id=5869
http://www.africaprogresspanel.org/worldcup/APP_World_Cup_2010_Guide_June_7_Final_OK.pdf


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