segunda-feira, 25 de julho de 2011

Chomsky e as 10 Estratégias de Manipulação Midiática

Movimento Popular Cidadania Ativa - MPCA
O Movimento Popular Cidadania Ativa, luta por um Brasil melhor, e faz um trabalho de conscientização política da população, além de promover mobilizações a favor do povo. O MPCA luta desde dezembro de 2010, contra o aumento salarial dos parlamentares, trata-se de um movimento APARTIDÁRIO. Veja nosso projeto de iniciativa popular: http://www.hotshare.net/br/file/356130-4704326567.html



Avram Noam Chomsky é um cientista, linguista e ativista político americano. Seu trabalho no campo de linguagens formais é impressionante e muitos de nós que estudamos linguagens formais deve se lembrar de sua classificação de linguagens formais.

A matéria abaixo foi retirado do site http://www.institutojoaogoulart.org.br/ e resume as idéias de chomsky a respeito do uso da mídia para manipulação do povo. O lingüista estadunidense Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através da mídia:


1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')”.


2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.
Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.


3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.


4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.
Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.


5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”)”.


6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…


7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossível para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.


8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.
Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…


9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.
Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!


10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.
No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.


OBS: Gostou do texto? Então, por favor compartilhe com o máximo de pessoas possível, toda informação importante deve ser compartilhada com todos. Obrigado.


Texto retirado do blog: http://meusemeios2.blogspot.com/2010/09/chomsky-e-as-10-estrategias-de.html










sábado, 23 de julho de 2011

Escândalo político atinge imprensa de diversos países


Nos últimos dias, a Inglaterra vem sendo palco de um escândalo político midiático que atingiu o coração do poder político do país. O escândalo do jornal News of the World, acusado de realizar escutas ilegais, expôs as relações incestuosas do grupo jornalístico comandado por Ruppert Murdoch, o todo poderoso dono da Fox News e de inúmeros outros veículos espalhados pelo mundo, com integrantes do governo britânico.

O escândalo acabou por transbordar as fronteiras da Inglaterra, ao expor as práticas que vêm se disseminando pela imprensa de vários países, inclusive o Brasil.
“Isto demonstra a permeabilidade do poder político e partidário à mobilização opinativa de grandes conglomerados de comunicação. Não creio que este seja um fenômeno apenas britânico”, observa o filósofo Wladimir Saflate, professor da Universidade de São Paulo, em entrevista à Carta Maior.
Alberto Dines, experiente jornalista brasileiro, afirma: “O espetáculo midiático-político a que assistimos galvanizados há mais de dez dias não tem nada de absurdo ou fantasioso. O impensável está aí, ao vivo, em cores, banda larga, 3D, alta velocidade, altíssima definição, continuamente repetido, reeditado. Vem sendo montado, a céu aberto, sem segredos ou disfarces, há pelo menos duas décadas com a participação de um elenco planetário”.
O novo especial da Carta Maior “Murdoch: a ponta do iceberg” traz uma série de reportagens, artigos e entrevistas tratando não só do escândalo na Inglaterra, mas do tema que ele coloca na ordem do dia, especialmente no Brasil: a necessidade de instrumentos e espaços de regulação da mídia, que permitam a sociedade evitar práticas como estas que foram expostas agora naquele país.
Leia os diversos artigos e entrevistas do novo especial da Carta Maior “Murdoch: a ponta do iceberg”
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm?home_id=119&alterarHomeAtual=1

quarta-feira, 20 de julho de 2011

“A Legião Negra”


Oswaldo Faustino autografa o livro “A Legião Negra”
na Livraria Martins Fontes‏



A Selo Negro Edições e a Livraria Martins Fontes – Paulista promovem, em São Paulo, no dia 20 de julho, quarta-feira, das 19h às 21h30, a noite de autógrafos do livro A Legião Negra – A luta dos afro-brasileiros na Revolução Constitucionalista de 1932. Nesse romance histórico, o jornalista Oswaldo Faustino aborda uma faceta pouco conhecida da história nacional: a particip ação voluntária de um grande número de afro-brasileiros na Revolução Constitucionalista de 1932, contra o regime de Getulio Vargas a quem, contraditoriamente, grande parte desses combatentes reverenciava como “pai dos pobres”. A livraria fica na Av. Paulista, 509 (próxima à estação Brigadeiro do metrô).


A ideia para o livro surgiu quando o ator Milton Gonçalves contou a Faustino que gostaria de fazer um filme sobre a Legião Negra e pediu ao escritor que pesquisasse o assunto. Recorrendo a documentos e publicações de época, obras acadêmicas e entrevistas com familiares dos combatentes, Faustino entrou em contato com a história de personagens reais que, no romance, interagem com os concebidos pelo autor. A pesquisa permitiu-lhe também reconstruir o contexto social, cultural e econômico da São Paulo da década de 1930 – ora em situações conflituosas ora em aparente harmonia se interrelacionavam paulistas quatrocentões, negros, mestiços, imigrantes europeus e migrantes oriundos principalmente de estados do Nordeste. Cada qual com seus costumes e em espaços determinados, é verdade. Aos negros e pardos restavam apenas os cortiços, porões e subúrbios, as rodas de tiririca, o jogo ilegal e os biscates.


O livro começa apresentando ao leitor o centenário Tião Mão Grande, que nos dias de hoje relembra sua participação, como voluntário, na Revolução de 1932. Sua memória recupera episódios e personagens que mudaram sua vida e a dos paulistas para sempre: alguns reais, como Maria Soldado, empregada doméstica que decidiu engrossar as fileiras revolucionárias; o advogado Joaquim Guaraná Santana e o grande orador Vicente Ferreira; outros fictícios, mas inspirados em arquétipos históricos, como Teodomiro Patrocínio, protegido de uma rica família que de início renega a ascendência africana e a negritude, mas depois se torna um grande líder militar da Legião Negra; Luvercy, jovem negro alistado contra a vontade pelo próprio pai, também combatente de ideais patrióticos; John, um jamaicano foragido dos EUA, que também participava das lutas antirracistas e convivia com pensadores naquele país, como seu conterrâneo Marcus Garvey.


A cada capítulo, Faustino recria os valores de uma época pautada pelo patriotismo, mas também por um intenso preconceito racial. Um dos méritos do livro é mostrar que, apesar de alijados de direitos e com chances mínimas de ascensão social, milhares de negros aderiram a uma causa estranha à sua realidade – causa que, embora justa, traria ínfimas mudanças à sua situação de excluídos.


Para saber mais sobre o livro, acesse: http://www.gruposummus.com.br/detalhes_livro.php?produto_id=1273

.

Viva o Tata, Mandiba, Mandela














Carinhosamente conhecido por todos os sul-africanos pelo seu nome de seu povo Xhosa, Madiba, e Tata (Xhosa para o pai), Mandela representa muitas coisas: a importância dos outros respeitando, a importância da fé por nossas crenças, dignidade, igualdade, humildade, determinação, força , altruísmo e acima de tudo, perdão.


Muito amado em todo o mundo, Madiba tem recebido mais de 250 prêmios ao redor do globo, incluindo o Prêmio Nobel da Paz 1993. Ele é um líder nato, cuja crença para o que é certo e justo o manteve preso em Robben Island durante 27 anos.


Os sul-africanos olham Madiba como sua parte de si, mas hoje ele pertence ao mundo inteiro. Ele é um homem cuja presença e tudo o que ele representa não pode ser confinado a um único país. Partilhamos Tata Madiba com o mundo.


Para homenagear Mandela as Nações Unidas lançaram Nelson Mandela Dia Internacional em 2009. Inaugurado em 2010, o dia simboliza uma chamada à ação para pessoas em todo o mundo para assumir a responsabilidade de tornar o mundo um lugar melhor, melhorar a vida para si e para outros, um pequeno passo de cada vez.



O slogan do Dia Mandela,
"Tome uma atitude. Inspire mudança. Faça de cada dia um dia de Mandela",
visa incentivar as pessoas a fazer a diferença, trabalhando para uma mudança positiva.


Como podemos fazer essa mudança? Começar pelo mais simples: dedicar apenas 67 minutos (simbolizando a 67 anos Mandela dedicou à luta pelos direitos humanos) do seu tempo no Mandela Day para ajudar os outros e fazendo mudanças positivas. É fácil. Basta olhar ao seu redor e você encontrará uma causa necessitados. Achmat Dangor, diretor executivo da Fundação Nelson Mandela, sugere uma série de atividades em potencial.


"Eles podem variar de ajudar a limpar ou atualizar instalações públicas como escolas, orfanatos e clínicas, doando livros para bibliotecas comunitárias, médicos voluntariado seu tempo de lazer, os alunos e educadores ensinar aos outros o que bandeira do nosso país e constituição representa. "É nossa esperança que estes esforços, em conjunto, levará para o desdobramento de um movimento nacional do bem entre os sul-africanos que transcende raça, cultura e ideologia",

Frases de Mandela


"Durante minha vida eu tenho me dedicado a esta luta do povo Africano. Lutei contra a dominação branca e lutei contra a dominação negra. Eu estimo o ideal de uma sociedade democrática e livre em que todas as pessoas convivam em harmonia e com igualdade de oportunidades. é um ideal que espero viver e alcançar. Mas se for preciso, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer. "


"Se eu tivesse mais tempo eu faria o mesmo outra vez, então faria com qualquer homem que se atreve a chamar-se um homem"


"Uma Troca forte e honesto de opiniões e críticas é necessária para qualquer sociedade ser verdadeiramente democrático, e por qualquer governo para permanecer no curso"


"Parte da construção de uma nova nação significa construir um espírito de amor, tolerância e respeito entre as pessoas deste país"


Canção de aniversário especial para o nosso Tata


Happy birthday to you,


Happy birthday to you,


Happy birthday to you,


Happy birthday dear Tata,


Happy birthday to you.


We love you Tata


We love you Tata


We love you Tata


We love you Tata


Nelson Mandela


Nelson Mandela. Ha hona ya tshwanang le wena (no one is like you).


Ha hona ya tshwanang le wena, ha hona ya tshwanang le wena.


Yeep yeep!


Hooray!


fonte http://www.sowetanlive.co.za/news/mandela


terça-feira, 19 de julho de 2011

Liberdade para mentir

Colunistas 30/06/2011

DEBATE ABERTO


Liberdade para mentir


A liberdade de opinião e a liberdade de imprensa que se defende no Brasil, essas que continuam a favorecer umas tantas “famiglias”, trazem hipócrita e cinicamente escondidas em sua defesa um único e insofismável propósito: a liberdade para mentir.


Izaías Almada


Naquilo que foi considerada a primeira crise política do governo Dilma Roussef, com o defenestramento de um ministro, muito se discutiu sobre moral e ética. Opiniões, as mais diversas e desencontradas, pipocaram por quase três semanas em jornais, revistas, televisões e boa parte da blogosfera.



Para uma sociedade que, pelo menos na aparência, se mostra paradoxalmente mais preocupada com a corrupção e ao mesmo tempo mais corrupta a cada dia que passa, ativa ou passivamente, não importa, a proporção do debate quase atingiu as raias do paroxismo. Contudo, e não estamos apontando nenhuma novidade, no quesito corrupção, a volúpia acusatória tem pendido sempre mais para um lado da balança do que para outro, sendo o Partido dos Trabalhadores o alvo preferencial da mídia. Entende-se: é a luta pelo poder político, dirão muitos.

Não só, ouso dizer, é também a luta de classes. E é também o entendimento atual daquilo que muitos brasileiros conhecem ou mesmo aprenderam sobre o pensar e o fazer político. É provável que muitos até já se esqueceram, é verdade, seja pelo vazio de ideias e pela repressão causada pelo golpe de 64, seja pelo canto do cisne das políticas neoliberais dos anos 80/90 ou mesmo do emblemático desaparecimento da União Soviética, onde muitos acreditaram que uma ideologia e um modelo de organização econômico social haviam chegado ao fim. Lembrei-me, em meio a essas calorosas discussões sobre ética e moral, da leitura que fiz já há alguns bons anos de um livro intitulado “Marxismo e Moral”, de autoria do professor William Ash, norte americano que se mudou para a Inglaterra, cujo original foi publicado na Monthly Review Press em 1964 e editado no Brasil em 1965. O livro, de linguagem fluente e fácil, procura discutir os conceitos morais dentro das condições materiais em que vivemos em sociedade ou, em outras palavras, o que nos leva a emitir juízos de valores morais numa sociedade capitalista, por exemplo, como essa que nos é dado viver.


Nos quatro longos capítulos em que procura sistematizar o seu pensamento, o autor faz referências a algumas obras e pensamentos de Marx, alguns dos quais nunca é demais lembrar. Por exemplo: “As ideias da classe dominante são, em qualquer época, as ideias predominantes”. Simples e cristalino. Só não entende quem não quer ou não se dá ao trabalho de pensar.
Na atual situação política brasileira, a ética tem sido usada como arma de combate entre adversários políticos de quase todos os partidos, sem exceção, sendo que os representantes desses partidos, seja no âmbito federal, estadual ou mesmo municipal, em sua grande maioria, representam interesses em sua maior parte, da classe dominante, mesmo que seus programas partidários e sua militância, quando ela existe, apontem noutra direção.


Contudo, nessa troca de acusações, muitas delas sem provas, o que tem vergonhosamente caracterizado uma quebra do princípio jurídico da inocência presumida, a quase totalidade da imprensa tem – sempre que pode – tentado fazer a balança pender para um dos lados. Diz William Ash em sua obra acima citada: “Os moralistas que se identificam com uma classe que tenha desfrutado o poder e é ameaçada pelas bases têm uma compreensível tendência para ressaltar a obediência ou o dever como de primordial significação ética.”


Como já surgem indícios aqui e ali de que se torna cada vez mais tênue a linha que divide situação e a oposição no Brasil atual, pelo menos essa que coloca de um lado partidos como o PT e o PMDB, e de outro legendas como o DEM, o PSDB e o PPS, começa haver um vácuo de representatividade no país. Pergunta-se: obediência a quem? Dever para com quem?


A reforma política adquire cada vez mais importância e urgência, pois o poder político não admite o vácuo. Em momentos de indecisões, recuos ou mesmo de reflexões para novos avanços, há sempre alguém (grupos eu diria) que se aproveita para reconquistar ou manter posições conservadoras ou mesmo inibidoras de políticas econômicas menos ortodoxas. E nisso, contam com o apoio de uma imprensa que defende a sua liberdade ou a liberdade de opinião (a sua) sempre em proveito próprio ou de grupos a quem tradicionalmente se alia.


E nesse jogo de interesses, as ideias predominantes continuam sendo as ideias da classe dominante, dos que detêm o poder econômico, porque a liberdade por esses defendida é a liberdade de continuarem no poder a qualquer custo, mesmo que para isso usem da chantagem, da mentira, dos fatos sem comprovação, da intriga. Diz William Ash, lembrando Marx mais uma vez: “A ‘livre empresa’, não é senão a liberdade de explorar o trabalho dos outros. Tal como a ‘liberdade de imprensa’ é a liberdade que os capitalistas têm de comprar jornais e jornalistas no interesse de criar uma opinião pública favorável à burguesia”.


Palavras que ainda encontram ressonância nos dias em que vivemos. A burguesia brasileira, que se formou logo ao receber da Coroa portuguesa as capitanias hereditárias, até hoje não as devolveu. E continua a agir como se estivéssemos no século XIX. Basta acompanhar o que acontece no setor agropecuário, onde a violência tem mão única. Quantos trabalhadores rurais foram assassinados no Brasil nos últimos anos? E quantos donos de terras? Ou acompanhar a vergonhosa defesa do crime de colarinho branco pelo poder judiciário. A justiça brasileira é uma justiça de classe. E quanto à mídia? O que dizer das inúmeras denúncias irresponsáveis ou matérias fabricadas, manipuladas, para servirem a interesses particulares e não aos interesses do país?


A liberdade de opinião e a liberdade de imprensa que se defende no Brasil, essas que continuam a favorecer umas tantas “famiglias”, trazem hipócrita e cinicamente escondidas em sua defesa um único e insofismável propósito: a liberdade para mentir.


Escritor e dramaturgo. Autor da peça “Uma Questão de Imagem” (Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos) e do livro “Teatro de Arena: Uma Estética de Resistência”, Editora Boitempo.Fonte: Carta Maior - http://www.cartamaior.com.br/ 
Internacional 17/07/2011 Copyleft

Por um juramento de Hipócrates para jornalistas

O escândalo no império de Murdoch, que começa a se parecer como a história da queda do Muro de Berlim, submeteu a profissão menos cobrada e mais corrupta da Grã-Bretanha - o jornalismo - a um escrutínio público tardio. Os jornais não podem anunciar que seu objetivo é serem os ventríloquos das preocupações dos multimilionários. Eles devem apresentar-se como a voz do povo. O The Sun, o Mail e o Express alegam representar os interesses dos trabalhadores. Esses interesses acabam por ser idênticos aos dos donos dos jornais. O artigo é de George Monbiot.

George Monbiot - The Guardian

Estaria Murdoch acabado na Grã Bretanha? Com a perseguição de Gordon Brown pelo Sunday Times e The Sun levando o escândalo a novos cantos do império do velho Murdoch, essa história começa a se parecer como a da queda do Muro de Berlim. A tentativa de destruir Brown sob qualquer meio, incluindo as invasões dos prontuários de seu filho pequeno doente, significa que não há nenhum limite óbvio para ramificações da história.

O escândalo muda radicalmente a percepção pública de como funciona a política, o perigo que o poder corporativo representa para a democracia, e as medidas em que tem comprometido e corrompido a polícia, afundados a ponto de parecer um exército privado de Murdoch. A crise foi uma descarga eletrica para um parlamento sonolento e submeteu a profissão menos cobrada e mais corrupta da Grã-Bretanha - o jornalismo - a um escrutínio público tardio.

As rachaduras estão aparecendo nos lugares mais inesperados. Olhe para a admissão notável da colunista conservadora Janet Daley, nesta semana no Sunday Telegraph. "Jornalismo político britânico é basicamente um clube do qual políticos e jornalistas pertencem", escreveu ela. "É essa familiaridade, essa intimidade, esse conjunto de pressupostos compartilhados... que é o corruptor verdadeiro da vida política. O espectro de auto-limitação do que pode e não pode ser dito... a covardia auto-reforçada, que toma como certo que determinados interesses são poderosos demais para valer a pena confrontar. Todas estas coisas são perigos constantes na vida política de qualquer democracia. "

A maioria dos jornalistas nacionais está incorporada, imersa na sociedade, no conjunto de crenças e cultura das pessoas que eles deveriam manter sob escrutínio com o seu trabalho. Eles são fascinados pelas lutas de poder entre a elite, mas têm pouco interesse no conflito entre a elite e aqueles que por ela são dominados. Eles celebram os com agência [de relações públicas] e ignoram os sem.

Mas isto é apenas parte do problema. Daley parou antes de dar nome à força mais convincente: os interesses do dono e da classe empresarial a que pertence. O proprietário nomeia os editores à sua própria imagem - que costumam fazer valer seus pontos de vista sobre a sua equipe. Os editores de Murdoch, como aqueles que trabalham para outros proprietários, insistem que eles pensam e agem de forma independente.

É uma mentira exposta pela concordância de suas opiniões (quer dizer que foi coincidência que todos os 247 editores News Corp apoiassem a invasão do Iraque?), e pelo depoimento explosivo de Andrew Neil em 2008 no Parlamento, no comitê de comunicações.

Os jornais não podem anunciar que seu objetivo é serem os ventríloquos das preocupações dos multimilionários. Eles devem apresentar-se como a voz do povo. O The Sun, o Mail e o Express alegam representar os interesses dos trabalhadores. Esses interesses acabam por ser idênticos aos dos donos dos jornais.

Assim, os jornais de direita fazem dezenas de matérias tentando expôr fraudadores de benefícios, ainda que digam quase nada sobre as fraudes fiscais das corporações. Eles atacam sindicatos e a BBC. Eles censuram as regulamentações que restringem o poder corporativo. Eles nos vendem seus valores - o culto ao poder, ao dinheiro, à imagem e à fama - que os anunciantes amam, mas que fazem deste um país mais raso e egoísta. A maioria deles enganam seus leitores sobre as causas das mudanças climáticas. Estas não são os valores dos trabalhadores. Estes são os valores impostos a eles pelos multimilionários que possuem esses jornais.

A mídia corporativa é uma operação gigantesca "astroturfing": uma cruzada popular falsa para servir aos interesses da elite. Neste contexto, as empresas de mídia se assemelham ao movimento Tea Party, que alega ser um espontânea manifestação operária contra a elite, mas foi fundada com a ajuda do bilionário Koch irmãos e promovido pela News de Murdoch Fox.

O principal objetivo do jornalismo é manter o poder sob escrutínio. Este propósito foi perfeitamente invertido. Colunistas e blogueiros são executores do poder corporativo, denunciando as pessoas que criticam seus interesses, atacando as novas ideias e os impotentes. Os barões da imprensa permitem aos governos ocasionalmente promover os interesses dos pobres, mas nunca para prejudicar os interesses dos ricos. Eles também tentam disciplinar o resto da mídia. A BBC, ao longo dos últimos 30 anos, tornou-se uma sombra da emissora que era, e agora tratam os grandes negócios com deferência. Todas as manhãs às 6h15 grandes executivos tem acesso na grande de programação que antes era reservado a Deus, em Pensamento do Dia.

Então, o que pode ser feito? Por causa da ameaça peculiar que eles representam para a democracia há um caso a ser feito para compreender a maioria dos interesses nas empresas de comunicação, e para a criação de um conselho público, nomeados talvez pelo parlamento, para atuar como um contrapeso aos interesses dos acionistas do ramo.

Mas mesmo que isso seja uma ideia viável, ainda é muito distante. Por enquanto, a melhor esperança é mobilizar os leitores para fazer com que os jornalistas respondam a eles, e não apenas a seus proprietários. Um meio de fazer isso é fazer uma pressão para que jornalistas se comprometam com uma espécie de juramento de Hipócrates. Aqui está um primeiro esboço. Espero que outros possam melhorá-lo. Idealmente, eu gostaria de ver a União Nacional de Jornalistas construir sobre ele e incentivar seus membros a assinar.

"Nossa tarefa principal é manter o poder sob escrutínio. Vamos priorizar aquelas histórias e questões que expõem os interesses do poder. Vamos ter cuidado com as relações que formamos com os ricos e poderosos, e garantir que nós não incorporaremos a sua sociedade. Nós não vamos agradar políticos, empresas ou outros grupos dominantes ao evitar reportagens que possam ser maléficas aos seus negócios, ou distorcer uma história para satisfazer seus interesses.

"Vamos enfrentar os interesses das empresas, e os anunciantes que as financiam. Nós nunca vamos receber para promover uma opinião em particular, e nós vamos resistir às tentativas de obrigar-nos a adotar uma.

"Vamos conhecer e compreender o poder que exercemos e como ele se origina. Vamos desafiar a nós mesmos e nossa percepção do mundo, tanto quanto desafiamos outras pessoas. Quando nós revelarmos errados, vamos reconhecer."

Reconheço que isso não aborda diretamente as relações de poder que dirigem os jornais. Mas pode ajudar os jornalistas a determinar uma certa medida de independência, e os leitores a mantê-los nela. Assim como os eleitores devem pressionar seus deputados para representá-los, os leitores devem procurar levar os jornalistas para longe das demandas de seus editores. O juramento é uma ferramenta que poderia aumentar o poder dos leitores.

Se você não gostar, sugira uma ideia melhor. Algo tem que mudar: nunca mais uma meia dúzia de oligarcas pode a dominar e corromper a vida deste país.

Tradução: Wilson Sobrinho

Fonte: Carta Maior - www.cartamaior.com.br - 19 de julho de 2011